Após um interregno de 3 anos, o Teatro Maria Matos reabriu no passado dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, com novo director artístico, o actor Diogo Infante.
A encerrar o período denominado
Evento de Abertura, é apresentado no dia 20 de Abril a primeira produção própria da companhia do Teatro Maria Matos - Laramie, com encenação de Diogo Infante.
Esta peça faz a reconstituição dos acontecimentos ocorridos em 7 de Outubro de 1998, quando um jovem homossexual foi brutalmente agredido por dois indivíduos nos arredores da pequena cidade de Laramie, nos Estados Unidos da América e relata as reacções dos habitantes desta cidade que nunca mais foi a mesma.
No programa
Prós e Contras da passada segunda-feira, dedicado exclusivamente ao Teatro, Diogo Infante falou sobre o renovado Teatro Maria Matos incidindo que a programação deverá forçosamente reflectir as grandes questões sociais, políticas e humanas da actualidade. Em relação à peça Laramie, falou sobre o tema acrescentando que, num Portugal onde há pouco mais de um mês se assistiu a um crime de ódio, é importante reflectir.
Para conhecer melhor o novo director artístico do Teatro Maria Matos, é possível ler no blog
o melhor anjo uma entrevista realizada ao Diogo Infante onde é possível descobrir mais sobre a esta peça:
E quanto a programares projectos pessoais?A primeira encenação é minha e foi uma coisa assumida. Mas tenho de ter algum cuidado porque o Teatro não existe para me servir a mim. Serve para servir o teatro. Esta peça, Laramie [de Mosiés Kaufman, sobre um jovem que foi assassinado nos EUA por ser homossexual], é uma coisa muito específica e particular e cabe dentro desta linha de teatro de serviço público. Por isso é que vai abrir a temporada: de alguma forma dá o mote para o que gostava que pudesse vir a ser o Maria Matos. É um texto assumidamente político e social, que coloca questões que estão na ordem do dia e com as quais lidamos diariamente. O texto não é convencional, segue uma linha documental. O que me interessa sobretudo é criar, mais do que um espaço de entretenimento, um espaço de reflexão, de debate, onde as pessoas se possam encontrar e discutir. Acho que a arte tem forçosamente de ser política no sentido em que nos devolve uma imagem qualquer de nos próprios, por mais que ela nos possa incomodar. Gostava de, dentro do possível, incomodar as pessoas, já que dizer que vamos abalar consciências é um bocadinho pretensioso. Isso não significa nenhuma espécie de concessão. Não creio que esteja a trabalhar para uma elite; pelo contrário, estou a falar de coisas muito simples.
(entrevista na íntegra
aqui)
A não esquecer:Laramie Moisés Kaufman, autoria; Filipa Mourato, tradução; Diogo Infante, encenação; Adriano Luz, Fernando Luís, Filipe Duarte, Flávia Gusmão, Isabel Abreu, Nuno Gil, Paula Fonseca, Pedro Laginha e Teresa Madruga, interpretação.
de 2006/04/20 até 2006/05/21
Qua a Sáb: 21h30 Dom: 17h