quinta-feira, junho 29, 2006

Dar sangue, é esta semana...


Porque a política do Instituto Português do Sangue se arrasta há anos com uma discriminação sobre dadores homossexuais masculinos...
Porque o Ministro da Saúde já prometeu cumprir a Constituição, mas os resultados escassam...
Porque às vezes um empurrão faz a diferença...

A NTP apoia esta Campanha que está a acontecer esta semana. Dá sangue e reclama, caso te neguem esse direito. Depois é só enviar-nos um e-mail contando a tua experiência. Essa informação ajudará a mudar o país...

terça-feira, junho 27, 2006

É amanhã, apareçam!


(img daqui)
As associações não te prives ? Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais e rede ex aequo organizam no próximo dia 28 de Junho, pelas 21 horas no Galeria-Bar Santa Clara, Coimbra, um debate-festa intitulado pride fest.

Este evento pretende relembrar a revolta de Stonewall Inn, na cidade de Nova Iorque, em 28 de Junho de 1969, protagonizada por um conjunto de lésbicas, gays e trangéneros que resistiram publicamente, pela primeira vez na história, à discriminação.


Este evento contará com a presença de Rita Paulos da Silva (rede ex aequo) e Ana Cristina Santos (não te prives), a que se seguirá um momento de festa com um DJ.

quarta-feira, junho 21, 2006


24 Junho - 15 h - Lisboa, Marquês do Pombal

Manifesto da VII Marcha Nacional do Orgulho LGBT

PRIORIDADE À IGUALDADE NA LEI E NA SOCIEDADE

O Estado (também) somos nós.
Pelos vistos, é preciso afirmá-lo perante hesitações e oposições de responsáveis políticos que continuam a considerar lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT) como menos do que pessoas.

Após a revisão constitucional de 2004, a Constituição da República Portuguesa passou a proibir explicitamente a discriminação com base na orientação sexual. Porém, a desigualdade persiste na lei e na sociedade.

O apartheid legal mantém-se no que diz respeito ao acesso ao casamento civil. O casamento civil tem sido objecto de alterações sistemáticas ao longo do tempo -- basta pensar no divórcio e nos vários passos no sentido da igualdade de género. O processo continuado de democratização do casamento -- e da sociedade portuguesa -- tem como próximo passo lógico o fim da exclusão de casais de pessoas do mesmo sexo.

O acesso ao casamento civil para casais de gays e de lésbicas, questão que a actual maioria parlamentar prometeu abordar em 2007, vai significar a clara promoção da igualdade e a recusa absoluta da legitimação da homofobia por parte do Estado. Será uma forma inequívoca de afirmar que não somos 'gentes remotas e estranhas' (nas palavras de Zapatero), porque 'uma sociedade decente é aquela que não humilha os seus membros' -- e porque o Estado (também) somos nós.

Recusamos obviamente qualquer figura jurídica 'especial' como subterfúgio para impedir o igual acesso ao casamento civil. Recusamos qualquer 'caridosa' medida de 'tolerância', porque sabemos bem que qualquer gueto legal é, e será sempre, a promoção de um gueto social.
A homofobia impedirá ainda o apoio unânime da sociedade ao igual reconhecimento na lei de casais de pessoas do mesmo sexo. Porém, é absolutamente inadmissível que esse preconceito continue a ser endossado ou legitimado pela lei -- tal como a prevalência do racismo não poderia nunca justificar a manutenção de um regime de apartheid.

Pelo contrário, urge garantir a cidadania plena de gays e de lésbicas e a igual valorização das suas relações pelo Estado que integram. Aliás, a igualdade no acesso ao casamento civil não vai ter quaisquer implicações na liberdade de outros. Casais heterossexuais continuarão a ter exactamente a mesma possibilidade de escolha que tinham anteriormente.
São muito raras as questões que permitem conciliar de forma tão clara, e sem conflito, os valores democráticos basilares da igualdade e da liberdade. Daí que esta questão, cuja solução é simples, seja particularmente prioritária -- porque ela vai à raiz da própria noção de democracia.

Mas porque o Estado (também) somos nós, a homofobia não pode também impedir o acesso à parentalidade por casais de pessoas do mesmo sexo -- desde a adopção, em que é simplesmente irresponsável excluir à partida potenciais adoptantes com base no critério da orientação sexual, até à procriação medicamente assistida cuja regulamentação veio excluir automaticamente mulheres solteiras e casais de lésbicas, mostrando que o Estado português parece não hesitar em discriminar até no acesso à saúde reprodutiva.

E se o fim da discriminação na lei é fundamental, não será nunca suficiente para eliminar a homofobia da sociedade. O recente assassinato de Gisberta Salce Júnior é a prova trágica da necessidade urgente de políticas sérias de educação contra a discriminação em função da orientação sexual e da identidade de género. Nas escolas, junto da juventude, mas também em sectores-chave da sociedade como a Polícia, a Justiça, a Saúde, a Segurança Social ou as Forças Armadas, é fundamental a formação sobre orientação sexual e identidade de género para contribuir para o fim da exclusão social das pessoas LGBT.

É urgente que o Estado português inclua a identidade de género no Princípio da Igualdade (artigo 13º da Constituição) e sobretudo que crie uma lei única para agilizar todo o processo médico e de reconhecimento jurídico da identidade de género d@s transexuais.

É que o Estado somos tod@s nós: lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e heterossexuais. Habituem-se!

Associação ILGA Portugal, Associação Clube Safo, Associação não te prives -- Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais, Panteras Rosa -- Frente de Combate à Homofobia

sábado, junho 10, 2006

É já dia 24... vem daí!



terça-feira, junho 06, 2006

Tod@s a Coimbra, também!

Esta Quinta, dia 8 de Junho, 21h30, na cave da Galeria-Bar Santa Clara em Coimbra:

Projecção do Documentário Internacional "Gisberta / Liberdade", sobre o assassinato da transsexual Gisberta no Porto em Fevereiro último.

Entrada gratuita!
Aparece e traz amigos/as...


Afinal, dia 8 é dia de protesto mundial sobre este assassinato, relembrando as autoridades portuguesas de que têm responsabilidades na luta contra a transfobia.

Mais informações
aqui.

sábado, junho 03, 2006

Tod@s ao Porto!

quinta-feira, junho 01, 2006

Não me peças para fingir que não te conheço


"Tenho trinta e dois anos.
Vivo numa pequena cidade,
tão pequena que na verdade
é só vila.

Sou gay.

Sou gay
e isto não sou só eu que o sei.
Sei-o eu, os amigos que são meus,
os meus pais, a família,
os meus colegas, os meus vizinhos,
as pessoas na rua
e talvez, quem sabe, os passarinhos.

Se esta forma de viver, de me expor, é correcta?
Não sei!
- Não é uma forma muito directa?
É! Sou gay!

É a forma que escolhi de viver em sociedade,
de estar bem comigo e na comunidade
de não ter de mentir sobre aquilo que já senti
e de não ter de diminuir o que pode ser mais,
muito mais,
do que uma simples amizade.

Portanto não me peças para fingir que não sou
o que ganhei com dignidade.

Portanto pensa bem quando te dirigires a mim!
Não me venhas com pedidos
se eu não poderia ser menos ?assim assim?.
Se numa conversa de amigo, contigo
poderia ser menos para poderes falar comigo.

Se podia disfarçar o que sou
para que não se saiba com quem estou?

Não, não posso!

Querido, não me venhas com cenas.
Não passei o que passei
para chegar onde cheguei.
Não trilhei o que trilhei,
não assumi o que assumi
para agora me pedires
se eu um dia na rua te vir
fingir que não te conheci!

Os monstros que enfrentas também eu enfrentei,
os medos que tens também eu os tive
só que agora são exponenciados,
mas sabes que mais?
Injustificados!

Transformei a vergonha em dignidade,
transformei o medo em sexualidade,
o não ser em afirmação,
e as expectativas em mim depositadas
(por outros, não foram por mim criadas)
não se transformaram em desilusão
mas nas minhas armas da batalha
na vitória da minha aceitação.

Por isso não me peças para não ser o que sou
«I am what I am And what I am needs no excuses»
Sou o que sou
e o que sou não precisa de justificação, desculpas?

Portanto, amor, quando me vires na rua
não me peças para fingir que não te conheço.

Não preciso que te assumas,
não é isso que eu te peço,
mas ao menos tem coragem,
e terás o meu apreço,
de admitires que me conheces.

Se pensas que ao te esconderes se vive,
mentira, sobrevives!
É como se vive-se só metade,
metade mentira, metade verdade!

Claro que há espinhos,
claro que há amargos,
mas não estavas à espera
que a vida fosse feita de caminhos
rectos, direitos e largos.

É o amargo e o ácido
que dão sabor à terra e ao sangue,
que corre nas nossas veias,
que sustenta os nossos passos.

Por isso, por favor, não me peças
ou finjas que não me conheças,
porque se não tens a coragem
de conseguires justificar
porque tens um amigo gay
para que é que eu preciso de ti, como amigo,
francamente,

não sei!"

Poema de Simão Mateus